fevereiro 23, 2005

Imóvel




Estou arrepiada com o que sinto
Ausência de espaço claro
Arrepiada com o que pressinto
Caída no vazio celeste
Não comento nem desminto

Sons que me parecem distantes
Imagens já conhecidas e tão ausentes
Observo o teatro dos figurantes
Personagens em papéis dementes

Vejo o passado nos meus olhos
O presente sinto na pele
O choro é música com sabor a fel
O futuro saia usada cheia de folhos

Nada faz sentido
Tudo me dá estranheza
Eu não reconheço a minha natureza
Desconheço o prometido

Pedem, pedem e nada dão
Exigências feitas na repartição,
No balcão dos perdidos e achados
Onde o ser e o fazer se encontram manchados

Sou um imóvel ao abandono
Propriedade de algo que desconheço
Lugar onde fico e padeço
Boneca de trapo sem dono

4 Comments:

Anonymous Anónimo disse...

É extraordinário a forma como a Laura consegue tornar imagens em poesia... Verdadeiramente extraordinário...

12:54 da manhã  
Anonymous Anónimo disse...

E não tinha eu lido o poema... Não vou fazer mais elogios, para não ser excessivo... Mas que continua a ser extraordinário e arrepiante, isso continua...

12:58 da manhã  
Anonymous Anónimo disse...

É-me dificil comentar como sempre, Ja devo ter dito e torno-me repetitivo... As tuas palavras mais que conseguir comenta-las consigo apenas senti-las.

beijo
João

8:00 da manhã  
Blogger Lady disse...

Gostei! Mas com certeza que és mais que uma boneca de trapo! :) beijinhos

11:04 da tarde  

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